“Me sinto rompendo barreiras” fala a empreendedora Bruna Salatta
Atualizado em 07/05/2020

Bruna Salatta de 25 anos é a empreendedora que fundou a Telúrica, marca de bolsas e mochilas com um propósito sustentável e que busca refletir a personalidade de quem usa!
#Crescendo no meio da costura
Cresceu em uma família de costureiros e viu suas tias, avós e o pai costurando quando pequena, enquanto já fazia as roupas de suas bonecas. A costura é algo que Bruna sempre gostou!
Desde seus 15 anos, Bruna já alimentava um amor - que não sabe de onde surgiu - por mochilas. Ela sempre olhava pra várias que gostaria de ter, mas seus pais não tinham condições de comprar para ela e com essa idade, ela ainda não conseguia ter dinheiro suficiente para comprar.
“Eu lembro que uma vez mais ou menos nessa idade mesmo de 15 anos, eu estava em casa e vi uma calça velha do meu pai que era feita de tecido de cotelê e naquela cor marrom caramelo meio aveludado e quando eu vi aquela calça eu pensei que aquele tecido daria uma mochila muito legal” conta ela. Pegou a peça de roupa, começou a cortar e costurar tentando transformá-la em uma mochila sem nenhuma orientação já que naquela época ainda não tinha acesso a internet em sua casa para ir atrás de informações.
Dias depois, sua primeira mochila estava pronta. “Eu lembro que quando terminei de fazer a mochila foi como se eu descobrisse um mundo completamente novo” conta Bruna. Foi como descobrir um novo lugar, já que procurava não se envolver com moda por receio de se tornar uma pessoa superficial. Quando se deu conta e percebeu que podia usar uma peça de roupa velha pra transformar em algo novo, começou a ter um novo olhar para a moda e como ela poderia ser utilizada para beneficiar alguém. “Talvez exista um espaço pra mim nesse lugar” pensou ela.
Depois dessa primeira mochila criada, passou boa parte da adolescência visitando brechós e bazares procurando peças com estampas interessantes para transformar em uma mochila, mas a costura sempre foi uma atividade pessoal. Bruna também fazia a pedido de algumas amigas, mas não comercializava seus produtos na época e nem tinha a intenção.
De sua adolescência até seus 23 anos, encontrava-se totalmente perdida em relação ao seu futuro e não sabia o que queria fazer profissionalmente. Foi nesse período que passou por diferentes empregos e fez de tudo um pouco. Começou uma faculdade de naturologia, foi trabalhar como terapeuta, auxiliar administrativa e também trabalhou em uma galeria de arte e em uma loja de discos. Ela continuava se sentindo perdida e não conseguia permanecer por mais de um ano trabalhando no mesmo local.
Aos 22 anos e em um desses empregos, ela decidiu abandonar o serviço e dar um tempo para refletir sobre sua vida profissional fazendo um mochilão. A ideia de criar a Telúrica nasceu em 2015 quando Bruna fez um mochilão para a Chapada dos Veadeiros. Com o pouco dinheiro que tinha, viajou durante dois meses e se oferecia para trabalhar em troca de alimentação e hospedagem em um quarto ou sofá de pousadas e casas.
Em uma das casas que ficou, foi recepcionada por um senhor, que sabendo de seu entusiasmo por transformar algo antigo em novo, perguntou a Bruna porque não começava a fazer as bolsas para vender e ter uma renda extra durante a viagem. Mesmo achando uma boa ideia, Bruna ainda não se sentia muito capaz e acabou deixando essa opção de lado.
#Bruna empreendedora
Após os dois meses de mochilão terminarem, voltou para a casa de seus pais em São Paulo sem dinheiro algum e por isso, não deixava de pensar em fazer algo para conquistar sua independência financeira. Sua avó havia ganhado uma sacola de tecidos de uma confecção que tinha falido e olhando os tecidos e separando os que achava mais interessante e com estampas mais bonitas, costurou duas mochilas.
Com um galho de árvore de um terreno próximo de sua casa para pendurar as mochilas e a câmera do próprio celular, Bruna fotografou elas e publicou em grupos do Facebook. Colocou um nome para cada uma de suas mochilas e complementou com uma história de que era artesã e vendia bolsas feitas a mão. Para sua surpresa, teve um grande retorno positivo! Várias clientes entraram em contato para saber mais sobre os produtos, além das mais de 300 curtidas e 200 comentários na postagem de pessoas interessadas.

Com as duas vendas realizadas, utilizou o dinheiro para comprar mais materiais e confeccionar mais peças começando esse ciclo empreendedor. Assim, nasceu a Telúrica!
Uma marca de bolsas, mochilas e acessórios que possuem propósitos mais sustentáveis e em que se acredita que as mochilas são mais que acessórios, mais que apenas um objeto para carregar suas coisas para o trabalho, faculdade ou casa. Os produtos da Telúrica são uma extensão da personalidade de quem usa, para que a pessoa possa carregar um pouquinho de quem a Telúrica é, o que faz e onde quer chegar!
Existe um grande cuidado para que os produtos feitos sejam objetos inspiradores para quem vai usar. Por isso, o processo é realizado com cuidado na escolha das cores, detalhes, além de serem feitos exclusivamente, através de produção local e pensando em como essa peça pode causar sentimentos diferentes a alguém.
Passado um tempo empreendendo, Bruna percebeu que só vendendo as mochilas não estava conseguindo alcançar a independência financeira e voltou a procurar por trabalho.
Nesse período, começou se sentir desiludida com a marca por estar ocupando muito de seu tempo, já que ela também estava trabalhando em uma galeria de arte e tinha iniciado a faculdade de Artes Visuais que faz atualmente.
Em 2016, participou do concurso Hora de Brilhar sem esperança de chegar muito longe, mas acabou se classificando entre as 10 finalistas e ganhou um curso de empreendedorismo! Pela participação e retorno que recebeu do concurso, voltou a se motivar e se conectar com o que acreditava que era a Telúrica, ou seja, a marca como uma própria extensão de sua personalidade.
Hoje, a Telúrica é composta apenas por ela, mas tem a parceria da “Cardume de Mães”, um grupo de costureiras que acreditam nos mesmos propósitos da Telúrica.
#Inspirando outras empreendedoras
“Eu me sinto muito feliz em ser uma mulher empreendedora, me sinto muito forte e corajosa por ser mulher e estar fazendo isso” é como Bruna inicia sua fala. Ela acredita que cada vez mais seja preciso que as mulheres se desafiem e se superem, uma vez que ser mulher possui uma carga social bem grande. Para ela, a moda também reflete muito disso em sua construção, já que as roupas e acessórios para as mulheres antigamente eram pensadas para a convivência dentro de um lar e por isso, era comum o uso de espartilhos, peças brancas e vestido longo. “Me sinto rompendo barreiras e isso me dá sempre mais forças pra continuar só por ser mulher” comentou.
Bruna sente que enfrenta pequenos desafios por ser uma mulher e jovem empreendedora, principalmente quando precisa conversar com algum fornecedor ou sobre negócios com um homem, mas não é levada à sério. Apesar dos desafios, Bruna segue forte e corajosa para enfrentar essas situações.
#Dica da Bruna:
Saiba que o caminho é desafiador, mas vale a pena!
Se você já tem uma ideia, mas ainda não sabe como colocar em prática, o primeiro passo é se sentar sozinha e pontuar o que você realmente quer, onde quer chegar com seu sonho e buscar entender porque ele é importante pra você. A partir disso, procure fazer de tudo para alcançar seus desejos e procure a ajuda de pessoas que você tenha como referência, se aproxime de uma ou duas pessoas que possam te ajudar e quando sentir dúvidas, recorra a elas. Seja confiante e peça a opinião de quem está te ajudando, ter um feedback positivo ajuda muito a incentivar principalmente no começo da trajetória empreendedora.
Saiba que o caminho do empreendedorismo é desafiador e solitário muitas vezes, que tem 99% de obstáculos e desafios na maior parte do tempo, é preciso ter calma e segurar a ansiedade, mas se você tem um sonho agarre ele com todas as suas forças, porque o mundo pode te dizer não, mas você precisa estar o tempo todo dizendo sim pra si mesmo. “Boa sorte pra todas, eu acho lindo ver mulheres empreendendo, me faz tão feliz quanto eu sou feliz por ser uma mulher empreendedora” completa.
Gostou de conhecer a Bruna? Conta pra gente o que achou dessa história!
No mês de Março, traremos histórias de mulheres empreendedoras para inspirar você e seu negócio. Caso queira mais histórias no Tamo Junto, nos avise aqui nos comentários!
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